CORAÇÃO PERDIDO

Mandei meu coração

para a lavanderia,

mas o tintureiro

se perdeu pelo caminho.

E agora?

O que será da minha emoção,

como fazer um poema inteiro,

como expressar o meu carinho?

Claro, que o bichinho já andava

precisando de conserto,

meio descompassado,

veias endurecidas,

sem bater no ritmo certo;

porém, nada a justificar o sucedido,

pois, ainda assim, o usava,

com algum sucesso, nas minhas lidas.

Saudade do meu velho coração.

Difícil viver com esse peito vazio,

com esse buraco aberto,

que nem a camisa fechada consegue ocultar.

Vou já em busca de uma liquidação,

ou de um brechó, aqui por perto,

onde, por um bom preço, consiga encontrar

um novo coração; se não, me estropio.

- por José Luiz de Sousa Santos, o JL Semeador, na Lapa, em 14/04/2010 –

http://www.youtube.com/watch?v=-9xiW653Orc

(“Cuore”, Rita Pavone)