VIDA DE DEPUTADO
Bebi um litro de chope
Para comemorar a lei seca.
Atropelei uma vovozinha
E nem vi o poste na alameda.
Paguei cinquenta para o "poliça",
Ele não quis me deixar ir.
Falei que sou deputado...
Ele me chamou de amigo e despediu-se a sorrir.
Numa ressaca danada, fui a praia...
Joguei meu lixo de cada dia na areia,
Despi só com o olhar a morena de minissaia
E ofereci por uma transa, um cargo na capital brasileira...
Dez mil por mês,
Duas horas de trabalho por semana,
Uma propina ao burguês
E um "ap" em copacabana.
Ela sorriu e disse:
"- Negócio feito!"
Depois de uma noite de amor
Até parecíamos um par perfeito.
Levei ela para Brasília...
No meu "jatinho",
Mostrei-lhe o novo gabinete
E de quebra ensinei as falcatruas com todo carinho.
De amor, sexo e dinheiro...
Vivi os quatro anos
E nem notei que o mandato estava acabando,
Precisava de um plano!
Nova eleição...
Que horror!
Abraçar gente pobre
E fingir que sou trabalhador!
Fazer caminhadas,
Inventar novas promessas!
Abraçar os filhotes dessa gente coitada
E conhecer novas favelas.
Mas enfim, reeleito...
Hora de voltar a capital!
Rever a quadrilha
E meter a mão no real.
E o povo que se dane,
Assim como sua esperança!
Até daqui a quatro anos...
Vou cuidar de engordar a poupança!
Ficar com várias mulheres pela cama
E abri mais uma conta nas Bahamas!
FIM