Perdoem-me todas as (minhas) Marias

Mas se vocês tivessem tais olhos
E neles tal penetração...
E se seus olhos fossem assim de gata
Da mais fina estirpe da casta angorá
Se, além disso, fossem puxadinhos
Como desta moça...
Se, eles, tivessem este verdinho
Que se confunde com o verdor do mar...
Se seus narizes fossem tão aquilinos
E sobrepusessem tão carnudos,
E sensuais lábios...
Se fossem as mechas dos seus cabelos
Tão belos e sedosos
E que corressem livres,
Pra, caudalosamente,
Cobrir-lhes os seios...
 
Ah!... Sim os seios
nem mesmo aparecem...
Mas ai é que está a função
E, até diria, alegria da mente...
Desnudá-la toda!...
 
Perdoe-me, pois, todas as Marias
A quem, um dia, dediquei um verso...
 
Mas, esta menina da fotografia
Por ser assim tão bela
Nem mesmo se chama... Maria!...
 
E por tudo isto que falei juro:
Não se lhes compara
Dentro do meu peito
E deste jeito, nunca lhe farei
Sequer, uma, do que chamo poesia!...