As Gordas
Me desculpem as magras,
Gordura é fundamental,
O gosto é da rapaziada,
Mulher assim é fenomenal.
Os corpos cheinhos,
Nada de postura esquelética,
Apertar aqueles pneuzinhos,
Melhor do que magreza patética.
Obesidade é doença,
E daí gente pessimista,
Anorexia também atormenta,
O meio termo é bulimia.
Boas eram as gravuras de outros tempos,
Valorizavam as mulheres fartas,
Aqueles quadros famosos de corpos suculentos,
Mulherada de beleza deveras rara.
Agora temos mocinhas lânguidas,
A gorda é viçosa, aquela pele rechonchuda,
Nada de finura de teia de aranha,
São esbeltas com sua gordurosa volúpia.
Aquela barriguinha saliente,
Melhor do que a ideia de piso reto,
Dão mais apetite na gente,
Sua maciez deixa logo o sujeito ereto.
E sentir aquele corpanzil aconchegante,
Deliciar-se nos prazeres da farta carne,
Suas formas em demasia, provocantes,
Não tem macho que uma dessa não ataque.
E aqueles seios que lembram as Vênus primitivas,
Escondem por recato seu corpo e instigam o mistério,
São mulheres longe da realidade marmórea mítica,
Tem celulites, estrias e isso as tornam verdadeiro privilégio.
Carnudas, tentação à gula,
Representantes de Baco,
Seus belos rostos de lua,
Roliças, de vocês eu me farto.
Além de remeter a Prima Mater,
Não esculpidas em forma quadrada,
Prontinhas para dar felicidade,
Transbordam sensualidade acumulada.
Orgulhe-se mulher gorda,
Não se convença dessa estética seca,
Deixe que o homem a enalteça,
As ossudas não chegarão aos pés de sua beleza.
Esbanje essa realeza carnal,
Mostre sua graça sem artifício,
Essa simpatia que é natural,
Seja a última esperança do amor vivo.