"RASPA de BIGODE"
I
Se não consigo dormir
Vim aqui pra confundir
E não, para explicar
Antes, claro, fui olhar
II
A miragem preferida
Adoçante desta vida
Da janela, no beiral
A pesquisa eleitoral...
III
Da vizinha, a cadela
De calcinha amarela
Exibida, pelo espelho
Chega quase no joelho
IV
A sujeira que se vê
Escorrente da tevê
No programa de novela
Onde a moça, cinderela
V
Trepa ali, sobe na vida
Nunca, jamais engravida
Nem parece uma mulher
Um objeto que se quer
VI
Atraente para a vista
Pousar vai para a revista
Despelada como top
Retocada, fotoshop
VII
Faz a barba e o bigode
Pois barbada não se pode
Mas careca é perigosa
Senão o beiço da rosa
VIII
Vai mostrar pra todo mundo
"Onde vou em um segundo
Quando começo a pensar"
No governo: “ih! tá mar”
IX
E ainda vai ficar pior
Se não se pensar melhor
Quando visitar a urna
E votar naquela turma
X
Empoleirada no poder
Donde vão só lhe fo...
Sem nenhum preservativo
Sem rubor, só um sorriso
XI
Que se apaga como paga
Quando se abrir a vaga
Reservada ao quadrilhão
Mal ganhada a eleição
XII
Vão esquecer as promessas
E mandá-las, em remessas
A cavalo, pro inferno
E só mesmo o Pai Eterno
XIII
Pra saber no que vai dar
Pra quem não sabe votar
Está na hora de aprender
Pois depois não vai poder
XIV
Botar culpa no político
Se você é um paralítico
Escolhe não sabe a quem
Não sabe a força que tem
XV
Degusta a demagogia
Até parece minha tia
De quem escrevi aqui
Que acredita em saci
XVI
E em virgens de bordel
Espera o Papai Noel
De saco cheio no natal
E depois que vota mal
XVII
Culpa a Deus pelo azar
De que ter que aguentar
Quatro anos pela frente
Até que chega novamente
XVIII
E a chance joga fora
E com ela vai embora
A esperança posta à prova
Que domingo se renova
XIX
Não importa quando caia
Vote antes de ir à praia
Ou a qualquer outro lugar
Que feriados vão sobrar
XX
Pelos próximos quatro anos
De acertos ou desenganos
E você pode escolher
Não se furte do dever
XXI
Todos já sabem de cor
Nenhum político é pior
De que o seu eleitorado
Analfabeto ou letrado
XXII
Que bem ou mal o escolheu
Se dele o nome esqueceu
A recíproca é verdadeira
Ele, de qualquer maneira
XXIII
Nem se lembra de você
É verdade, e pode crê
Pense antes, vote certo
Ninguém vai estar por perto
XIV
Para ver seu decisório
Mas lembre, não é mictório
A urna; e não vote mal
Esqueça o título eleitoral
XXV
Não serve; só a Identidade
E de mudar, leve a vontade.
Votar em branco ou nulo?
Nem pensar nisso! Seu mulo...