O Sonho
Ah! Pessoal, não, eu não posso guardar
Por tudo que há de mais sagrado
Eu tenho que relatar:
Sonhei... sonhei um sonho magnífico
Espetacular, demais, afrodisíaco
Inocente, alucinante e indecente
Sonhei com a afloração
De secretas emoções
Um sonho soberbo, semiótico
Um sonho marcante e erótico.
Sonhei que surfava
Sob os raios solares da manhã
Numa pororoca de pererecas de cunhãs!
Elas eram geométricas, profanas e virginais
Havia loiras, morenas e lilás
Amarelas, cor-de-rosa e grenás
Tinha asiática, africana
Européia e americana.
De todo gênero e espécie havia lá.
Inclusive cubanas, marcianas e cabanas
De Bogotá, de Cocotá e Copacabana.
Umas eram gigantes, outras graúdas
Umas eram médias, outras eram anãs
De deixar todos os homens tantãs
A pororoca de pererecas de cunhãs.
Mesmo errando o norte
não posso reclamar da sorte
Pois de hora em hora eu refaço o conto
E só o amor é que me deixa tonto
Na inteligência a emoção é nada
Se a alegria fica dominada.
Assim a vida é pura ação
E por isto narro esta revelação:
Dormi ateu e acordei um crente
Da natureza e de todos seus entes
E seja no campo ou qualquer cidade
Venero ao Deus da fertilidade.
Este Deus tem nome e se chama Tupã
Que além dos astros e estrelas pagãs...
É senhor das pororocas, das pererecas e cunhãs.