Invasão da privacidade do meu pobre miocárdio
CINTILOGRAFIA MIOCÁRDICA PERFUSÃO EM REPOUSO E ESFORÇO
Uma queixa, veemente, proponho-me a fazer,
E ora faço: Depois de muitas restrições,
Marcações e coisas tais de táxi e ou bus...
Depois de injeção de um tal “contraste”
Mandaram-me andar por ai, (sabe-se lá
Onde, hoje em dia é seguro,) por vinte
Minutos. Faz-se lá um exame cheio
De efeitos especiais num aparelho que
Num trilho, feito trem, vai e vem registrando
Com precisão e cuidado o pulsar do coração,
Agora retratado.
Não sei se também registra as dores
E o nome alguém que bem acomodado
Lá esteja e for pecado. Ou registrará
Se o coitado, por acaso, estiver vazio.
Depois de BIS na caminhada e disto tudo
Um outro exame... Agora numa esteira. Ora bolas
Poeta não precisa lá de muito esforço
Só carrega a caneta ou bate num teclado.
Quero, pois, que fique registrado:
Meu protesto de revolta e de cansaço...
Outro BIS na caminhada novo exame. O mesmo
Só, que agora, depois do coração sentir-se
Em frangalhos. De novo, o coração é fotografado.
Findo o exame. Esperar-se o resultado do filme:
Se, aprovado vai-se embora. Se, não é reexaminado.
Fui aprovado e, de lá outro ônibus, por sinal,
Errado. Mas cheguei no Iguatemi sentindo-me
Até feliz. Enchi as panças. Fiz compras e fui prá casa
Disse a todos que tudo estava bem...
Faltava só o resultado.
Qual resultado só qual nada!... Um telefonema
Deu-me a notícia: Outra vez necessária
Faz-se, uma revista.
Agora sim senti o coração em calças justas.
O que ele fez? Que pose ele não fez?
Que aquele fotógrafo de aço enxerido
Não aprovou.
E, no boletim do pobre coração
Em letras vermelhas e garrafais carimbou:
REPROVADO!...
FUI OBRIGADO A FAZER TUDO DE NOVO...
Isto pode até parecer humor mas é, em verdade, a vida!...
CINTILOGRAFIA MIOCÁRDICA PERFUSÃO EM REPOUSO E ESFORÇO
Uma queixa, veemente, proponho-me a fazer,
E ora faço: Depois de muitas restrições,
Marcações e coisas tais de táxi e ou bus...
Depois de injeção de um tal “contraste”
Mandaram-me andar por ai, (sabe-se lá
Onde, hoje em dia é seguro,) por vinte
Minutos. Faz-se lá um exame cheio
De efeitos especiais num aparelho que
Num trilho, feito trem, vai e vem registrando
Com precisão e cuidado o pulsar do coração,
Agora retratado.
Não sei se também registra as dores
E o nome alguém que bem acomodado
Lá esteja e for pecado. Ou registrará
Se o coitado, por acaso, estiver vazio.
Depois de BIS na caminhada e disto tudo
Um outro exame... Agora numa esteira. Ora bolas
Poeta não precisa lá de muito esforço
Só carrega a caneta ou bate num teclado.
Quero, pois, que fique registrado:
Meu protesto de revolta e de cansaço...
Outro BIS na caminhada novo exame. O mesmo
Só, que agora, depois do coração sentir-se
Em frangalhos. De novo, o coração é fotografado.
Findo o exame. Esperar-se o resultado do filme:
Se, aprovado vai-se embora. Se, não é reexaminado.
Fui aprovado e, de lá outro ônibus, por sinal,
Errado. Mas cheguei no Iguatemi sentindo-me
Até feliz. Enchi as panças. Fiz compras e fui prá casa
Disse a todos que tudo estava bem...
Faltava só o resultado.
Qual resultado só qual nada!... Um telefonema
Deu-me a notícia: Outra vez necessária
Faz-se, uma revista.
Agora sim senti o coração em calças justas.
O que ele fez? Que pose ele não fez?
Que aquele fotógrafo de aço enxerido
Não aprovou.
E, no boletim do pobre coração
Em letras vermelhas e garrafais carimbou:
REPROVADO!...
FUI OBRIGADO A FAZER TUDO DE NOVO...
Isto pode até parecer humor mas é, em verdade, a vida!...