A SENTENÇA CONDENATÓRIA DO AMOR
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A declarada sentença do amor
Após longo e difícil julgamento
Foi pronunciada sem qualquer emoção
Sem qualquer fundamento
Condenando-se o amor-réu ao pagamento
De multa no valor de um milhão
Além de trabalhos forçados em favor
De um determinado elemento
Que se disse prejudicado
Numa certa ocasião
Por um ato ilegal perpetrado
Em noite de lua cheia
Quando sem pretexto ou motivo
O amor bateu-lhe na porta
Sob a forma de moça bonita
Para lhe servir de lenitivo
À sua enorme solidão
Assim como se torpedeia
Um navio no meio da escuridão.
Ainda, segundo os elementos dos autos
O indigitado sentimento
Na denúncia tipificado como mau elemento
Praticou toda a sorte de atos
Atentatórios à paz e a tranquilidade
Do nobre e pacato cidadão
Haja vista que sem requerimento ou permissão
Invadiu-lhe a alma
Alterou-lhe o destino
Subtraindo-lhe a calma
Levando-o ao desatino
Deixando-o incapaz, preso de forte emoção
Crime cruel de assassinato
De sua mais pura ilusão
Com a agravante da perfídia
Eis que o amor, logo instalado
Evadiu-se na calada da noite sombria
Deixando a sua incauta vítima
Órfã de felicidade e alegria
Atirado à rua, em meio ao frio e à lama.
Por todo o exposto
Reafirmo a condenação do Amor
Consoante acima estipulado
Que se cumpra, mesmo causando
Choro, angústia e dor
Sendo de tudo, o réu, desde já citado
Para, querendo, oferecer defesa
pois, não o fazendo
Será atado ao pé da mesa
Onde, sem direito a recurso, acabará perecendo.
- por JL Santos, em 03/11/2008 -