VOVÓ
A minha vovó subia
Na goiabeira da casa
Atenta a tudo ouvia
Parece que tinha asa
Corria de patinete
Dançava feito chacrete
Fazia catorze barras
E empreendia farras
Eu como o seu netinho
Sofria com a destreza
Embora fosse novinho
Que terrível natureza
Atravessava o rio
Paraiba em Itabaiana
Fosse inverno ou estio
E dançava à baiana
Jogava bola de gude
E driblava em pelada
Tomava banho de açude
Bebia coca gelada
Era um veneno, vovó!
Eita viúva inquieta!
Dava em pingo d'água nó
Corria de bicicleta
Sonhava em ser modelo
Garota melhor idade
Vovó era um desmantelo
Desfilando na cidade
Aos noventa e três anos
Ainda cantou aboio
Mas coitadinha, aos cem anos
Morreu amando um tamoio