Para Tito 06-05-08


Pô Pai esse negócio de poesia é uma fria.
Com medo da concorrência minhas veias,
Que nada tem de bestas, se afloraram.

De repente, até dos peidos saem rimas.
Sei, não são lá, nenhumas, obras-primas.
Mas que são rimas isto lá isto elas são.

Pai, assisto, agora no Jô, ao “Manhoso”
Que segundo ele (o Jô), é o rei do duplo-sentido,
Tem mesmo um vasto repertório. E, acometido,
Sim de uma puta indigestão até que rio.
Fico, de novo, receoso. Sem comparações
É óbvio. Mas o mercado de trabalho está escasso.

Imagina, sem ironia, ele no Jô, eu na sala,
Tu na Feira. Ele declara/declama/canta
Que a Maria lá dele “Foi na feira... comprou um umbu...”
E prossegue: “Maria eu nunca vi umbu ser tão azedo,
Maria eu nunca vi umbu ser tão azedo”.
Nós dois contando favas e ele recebendo as palmas.

Voltando ao nosso afair com a dita cuja
(poesia) por favor considere: velhice,
Também é posto! Qual é? Deixe que a mesmice
Seja o meu tema. Que rime só, somente, em verbos
E suas terminações. Permita-me, generoso,
Que te sei, sê-lo. Que eu, muitíssimo orgulhoso,
Rabisque um pouco mais e também ame compor
Sobre qualquer que seja o mote em Barra do Pote
Ou aqui em Salvador.
Serei leitor assíduo dos teus versos,
Serei e estarei atento e neles hei aprender
O mais que possa antes, que de novo,
Me advenha a fossa, que, sempre, acompanham
Os momentos em que as veias poéticas,
Em mim, surgem e afloram.

Para os poetas de bom costado
Não existem esta tal de inspiração,
Fase, luas, etc. Eles estão sempre
Alertas e à postos e dispostos
A fazer poesia. Eu, não, sou é de lua!
E é mesmo melhor que assim seja
Senão eu vou encher teu saco.
Um forte e fraterno abraço.