LEMBRANÇAS DE ALICE
Uai, aonde eu vim parar?
eu ando meio esquecida,
trocando o nome das pessoas, das coisas e das comidas,
mas muita coisa consigo lembrar.
Lembro do meu pai sorveteiro
que feliz voltava pro lar
trazendo um pedaço de tijolo baiano,
enrolado num pano...ai que saudade que dá
eu, minhas irmãs e meus irmãos,
não viam a hora do papai chegar.
Lembro da minha mãe lavadeira,
não podia ver sujeira, que agarrava limpar
lavava roupa pra mais de dez famílias,
pra modo do pai ajudar...
afinal, tinha seis filhos pra criar.
Lembro de um tempo bom
todos de pés no chão, vida simples, bem pobre,
como muitas famílias que tinham por lá.
mas mesmo com tantas dificuldades,
o pai e a mãe, lá em casa, nada deixavam faltar.
Lembro do meu querido irmão Miguel,
moço bom, que é raro de se encontrar
um dia viajou à trabalho, de tanta saudade,
o pai, embaixo da cama, seu sapato foi beijar
aí que tristeza doída, o destino não permitiu dele voltar
hoje mora no céu, com Deus
quer melhor companhia pra se estar?
Ame muito sua vida, e não tenha medo
de passar o que tem que passar
se um dia cair, tenha fé, tenha força, que você vai levantar
e se esquecer um tiquinho, não tem problema,
que a vida não é pra lembrar,
É pra ser feliz, viver e amar!
Obs.: Escrevi este poema para minha mãe Alice declamar no grupo da terceira idade. Minha mãe está com 79 anos e já está um pouquinho esquecida. Este poema é um pouco da história de vida dela. Para surpresa de todos, ela conseguiu declamar este poema sem olhar para o papel.