SARAH: OÁSIS DO SAHARA!
I - O Oásis de Sarah
Do árido e arenoso ventre
Do belo deserto africano
Brota o Oásis de Sarah
– umbigo do Sahara!
Como capciosa miragem,
Muitos já o viram e viram
Seu cruel e mortal desvanecer,
Que todo alento leva consigo
De esperança a esmorecer!
Mas de lenda apenas se trata
Aos impuros o lendário oásis,
Pois os puros de coração
Além da miragem podem ir
A fim de encontrar salvação!
Este lendário oásis conheci
Em um tempo há muito perdido,
Em seu ingênuo alvorecer,
Quando perdido estive ao me desviar
Da famosa Rota dos Tuaregues!
Nos portões do palácio um aviso:
“Em tua mente tenhas um sopro sequer
De impuros pensamentos, ó mortal,
E cuspido serás ao deserto
Qual malquista areia do tempo!”
II - A Pueril Sarah
Lembro-me da Princesa
Em seu pétreo palácio
Com sua pueril pureza,
Quando tal virtude
Eu próprio exalava,
Tornando-me digno
De seu oásis encontrar
Em meio à sede
E à terrível morte certa!
Solitária vivia
A pequena Princesa,
Tão doce, tão terna!
Apenas tinha aos Silfos
como imaginários amigos,
E quando lá cheguei,
Tomou-me por tio,
Por filho e por pseudo-namorado
– que menina nunca tratou por namorado
a um tio ou amigo da família, com inocência,
sem nem mesmo saber seu significado?!!
A cobrança de um presente na materna data;
Na romanesca data me cobrava um regalo;
Remédio não havia senão ao engodo recorrer
– um senão no caráter não constituía,
pois uma “saída pela tangente” costumava ser!
Com dor no puro coração
Que à Princesa tratava
Com todo o respeito e candura,
O mágico oásis tive que abandonar
Para à civilização finalmente retornar
E o damasco beijo da prometida
Cidadã de Damasco reencontrar!
E com o passar do tempo,
A pureza necessária perdi
Para ao palácio retornar,
Não podendo mais além
Da bela miragem passar!
A infante Princesa que conheci distante
No tempo se encontra e não mais existe
– em minhas doces recordações tal qual
um alegre Espírito do Ar ainda vive!
Ela cresceu e se tornou uma doce jovem
A debutar ao deserto sua beleza,
No oásis reinando desde seu palácio
Ornado com jovens e belas donzelas!
Com a antiga Princesa
Essa jovem nada tem em comum,
E ainda que próxima a mim
Se encontre no tempo,
Distante se encontra no espaço
– gracejos do espaço-tempo!
III - O Paraíso de Sarah
Quão diferente
Se encontra hoje
O Oásis de Sarah
– umbigo do Sahara!
Os que exauridos ali chegam,
Em um paraíso de maravilhas adentram,
Com prazeres indizíveis, êxtase,
Fertilidade e abundância
– ventre de esplendor e exuberância!
O sonho ali vivem
Do eterno instante
Do ápice do prazer,
E nesse mundo idílico
Décadas podem passar
Sem que por eles passe
O temido tempo!
Oásis em meio ao deserto de vida;
Oásis em meio ao deserto de pureza;
Canteiro de belas virgens a perfumarem
Quais tenros botões florais aos férteis jardins;
A colherem ditosas nas lindas tamareiras;
A se banharem nas piscinas cristalinas;
A se deleitarem no leite que corre nos leitos;
A se melarem nas nascentes de mel;
E a beberem da sedutora fonte inesgotável
De vida no centro do jardim
– cristalina água mais valiosa
que ouro amarelo e ouro negro!
IV - Os Comensais do Banquete de Sarah
Com o encantador véu a dançar
O ritmo silvo dos ventos,
Atravessa os amplos jardins
A casta Tamara a levar tâmaras,
Figos, pêssegos e damascos
Em uma bandeja de prata
Para a Princesa do oásis,
– por suas donzelas rodeada.
Maravilhados admiram
Os perdidos viajantes
A cena paradisíaca,
Muito diferente do descrito
No Jardim das Delícias
Do Xeique Nefzaui!
De reluzente ouro e gemas
Deslumbrantes coberta,
Morde a Princesa Sarah
Delicadamente a tâmara,
E escorre o agridoce suco
Por seus sedutores lábios.
O tremeluzir da gota que pende
À luz do Sol aos varões fascina,
E um pensamento concupiscente
Passa pela mente de um deles!
Perplexo vê o indigno comensal
Ao esvanecer do sonho e ao esvair
De toda esperança no pó do deserto
Que com desolação agora vislumbra
– Sarah o devolve ao Sahara!
À alma humana seus olhos penetrantes
Perscrutam e lhe desvendam os arcanos
– a um sábio Espírito do Ar
um mortal jamais poderá lograr!
V – Sarah e a Magia dos Ventos
Aos convidados deixa Sarah
E a largos passos do paço se afasta
Para aos essenciais e cotidianos trabalhos
De Magia dos Ventos dar o ritual início.
De tal maneira reflete o Sol
Em sua alva e aveludada pele
Que à uma luminosa aparição
Em meio às areias do tempo
Mais se assemelha
– como o topo dos egípcios obeliscos
e das imortais pirâmides no passado!
Ao esvoaçar sua abundante cabeleira
Pelo deserto como um véu de purezas,
Desenha a Princesa na areia o caminho
Ritual com seus delicados pés
Quando finalmente se detém no lugar indicado
E suavemente sobre os ombros repousam
Suas madeixas como dunas sibiladas
Aos ouvidos por Paralda,
Poderoso Rei dos Silfos e Sílfides!
A silvos aos Silfos do deserto invoca
E com esses sábios Espíritos do Ar
Passa a trabalhar solene!
Inclina-se graciosamente
A sílfide Sarah em direção
Ao piscoso Mare Oceanum,
Os longos e belos cílios deita,
Os delicados lábios comprime
E o Harmatã sopra como lírios ventos
Em perfumada brisa refrescante!
Em direção ao Mar Mediterrâneo
Suspira ao beijar a palma da mão delicada
E se inclina para o Siroco e o Simum
Soprar como beijos cálidos,
Tão passionais que por vezes
Tempestuosos se tornam
Quando se encontra exasperada
– ventos areentos que ao dia anoitecem!
VI - Princesa Sarah
Sarah: oásis de beleza
Exótica e exuberante;
Miragem paradisíaca
– Princesa do Sahara!
Perenemente cobertos
De cristalino e doce néctar,
Seus lábios cintilam ao Sol do deserto
E sob a luz do luar!
Filha do Arcanjo Michael
E de uma mitológica leoa
(serena, valente e poderosa)
De formas humanas,
Guardiã do Jardim do Éden,
Essa mágica Princesa
É a donzela perfeita
Que em matrimonial enlace
Somente se entregará
Ao único e afortunado jovem
Que se equipare em nobreza,
Pois como a Sarah hebraica
– a mãe de muitas nações –
É o modelo divino
De estética e perfeição,
Da esposa perfeita!
Princesa Sarah: um pleonasmo!
Donzela Sarah: pura redundância!
Sarah encerra em seu belo nome
A Princesa, a donzela e a bela dama;
A nobreza de um título não hereditário,
Mas legitimado pelas virtudes da alma
E pela nobreza de seu grande coração!
Diante disto afirmo:
Dizer Princesa Sarah
É vício de linguagem;
É o mesmo que dizer
“Princesa Princesa”
– Sarah apenas basta!
Julia Lopez
30/12/2012
OBS.: Sarah é minha querida sobrinha adolescente, filha do meu irmão Maycol e da minha cunhada Leandra. Ela era minha “princesinha” até completar quatro anos, quando meu irmão mudou de cidade – depois disso perdi totalmente o contato com ela! Recentemente passamos a conversar via Facebook e ela me pediu um Poema; eis o resultado! O tempo passa, mas o amor pela família é atemporal!
Visitem meu Site do Escritor: http://www.escrevendobelasartes.com/