Retorno ao lar

Retorno ao lar

Ele chegou puxando o animal

o jegue carregando dois caçuás

colocou toda rapadura num canto

no outro as pencas de banana verdosa

deixou a sede na água de moringa

garantiu a sede no gole de aguardente

acendeu um cigarro de palha

botou o chapéu num rasgo da cumeeira

arriou o embornal por cima da madeira

jogou o pesado alforje na terra batida

olhou se a bacia estava cheia de água

deitou o rosto suarento dentro dela

esfregou tanto sol e tanto calor

que o rosto pareceu lua minguante

lanhado e marcado de pontas de paus

marcado no sinal enrugado do tempo

triste demais numa feição agradecida

era a sina do homem valente na vida

passar esses dias sem ver a família

e ao retornar lembrar que nada existe

não existe nem mulher nem filhos

senão a solidão do seu ser tão sozinho.

Rangel Alves da Costa

blograngel-sertao.blogspot.com