Ainda que meus olhos...

Ainda que meus olhos...

Ainda que meus olhos

não chorassem mais

tantas lágrimas de saudade

e o meu coração aflito

tivesse de tanta dor piedade

não haveria como ficar aqui

ao sopro feroz desta cidade

se tenho um berço e um chão

e uma família de verdade

ainda que meus olhos

não chorassem mais

porque o lenço foi guardado

e a mala esteja arrumada

e só querem enxergar a distância

o destino certo na estrada

quero que olhe aquela fumaça

aquele andaime e aquela escada

para nem sentir saudades

quando a casinha for avistada

ainda que meus olhos

estejam esturricados

águas perdidas na dor

quero sentir tempestade

água caindo no chão

depois da cancela

dentro do meu sertão

encharcando a família

alegria demais no coração.

Rangel Alves da Costa

blograngel-sertao.blogspot.com