Porta de casa
Porta de casa
Uma casa de barro
um mato, um sertão
diga a minha mãe
que estou nesse chão
uma rede pra deitar
um cachorro, uma vela
diga ao meu pai
que estou na janela
um sol ardendo adiante
um fogão, um prato
diga a Joaninha
que não sou só retrato
uma pobreza tão rica
uma enxada, uma pá
diga aos meus irmãos
que voltei pra ficar
uma paisagem com lua
uma estrela, um sol
diga a toda família
pra não chorar no lençol
era uma saudade imensa
era o menino chorando
se tenho casa pra viver
por aí não vou andando
era o sofrer que arrasa
era o destino chamando
de volta pra porta de casa.
Rangel Alves da Costa
blograngel-sertao.blogspot.com