A CAMINHO DE LISBOA
A CAMINHO DE LISBOA
Fazer uma longa viagem,
Espera-se e o dia chega,
A ânsia aumenta, aperreia,
Você em si, se aconchega,
Esperando o que de quem?
Quando só e sem ninguém,
Diz-se vem cá minha nega.
Arranja força e coragem,
Sorri sem muita convicção,
Prepara tudo e amontoa,
Treme de tanta emoção,
Bate forte o velho peito,
Faz no rosto um trejeito,
Marca o ritmo o coração.
Ir à terra das origens,
Da família lá de trás,
Sentir na pele a leveza,
Da brisa um prazer me faz,
Voltar no tempo não meu,
Mas de quem me prometeu
A vida, isto muito me apraz.
E lá vou eu bem convicto,
A outras glebas avistar,
Ver o começo da história,
Cuidar-me pra não chorar,
Mas se chorar é de alegria,
De um tempo de galhardia,
Da minha gente se desterrar.
Velha Lisboa da Europa,
Nova é ao meu conhecer,
Muito tempo eu esperei,
Parto hoje para te ver,
Velho mundo, nova história,
Descobrir-te é minha vitoria
Ao Brasil, que me viu nascer.
Rio, 10/10/2010
Feitosa dos Santos