A ESTRADA COBRA

A ESTRADA COBRA

 

Minha estrada cobra os sinais,

Não querendo somente asfalto,

Com a guia de meus ancestrais,

E as estrelas olhando do alto.

 

Lá estão meus avós e os anjos,

Esperando cumprir meu mandato,

E tocam as cordas dos banjos,

Na festa em que sou convidado.

 

Só não sei qual festa é a certa,

E se devo esperar mais convivas,

Mas eu quero ser só um poeta,

Que celebra o amor que convida.

 

E por isso eu viajo bem cedo,

Desde jovem a querer conhecer,

Escutando a Terra sem medo,

Auscutando o pulsar do seu ser.

 

E por isso eu gosto da história,

Que nos diz como foi caminhar,

Tropeçando no ego e na glória,

Que Narciso teimou em olhar.

 

E também vi as plantas e bichos,

Olhei solos e as pedras de seixo,

Andei em oásis, atóis e nichos,

Procurando a razão e o desleixo.

 

Só assim, percebendo o descaso,

E a ganância por nome de morte,

Vou chorando no Aral já tão raso,

E pedindo por dias de sorte.