Acredita
Ô menina, você bem que se prende querendo sufocar emoções vividas em carne já dilacerada pelo mal tempo. Se recolhe em meio as horas estendidas que te abraçam provocando balanço a cada mover dos ponteiros... por vezes bebe a calma com certa estranheza e afoga a paciência, tentado esmurrar o próprio peito, já cansado de esperar...
Eu sei, a efemeridade te arrancou algumas pedras preciosas; a finitude te roubou os melhores momentos, semeando dores que chegavam a passos largos. E você foi acumulando suspiros de tempos em tempos, como se tua voz quisesse explodir num grito libertador. Acorda, menina! Nos teus sonhos essa agonia de sorver lamúrias não te salva de ti mesma! Antes, dá a mão à palmatória e vai em busca do ar que de ti fugiu.
Eu sei, ainda há um resquício de esperança a divagar nessa imensidão que em ti existe. Se apegue à ela é não largue. Seria uma bobagem você desacreditar que as montanhas se desfazem e que o precipício é chão pra se habitar... antes voa sobre diante o penhasco e salta entre esses montes que te agridem os olhos inchados, porque dizem que as montanhas sim tem pés esperançosos e que nunca se cansam de andar de um lugar à outro.
Só não te atemoriza, menina... tudo vai ficar bem!