O MAR CHOROU DE SAUDADE.
Eu vi o mar solitário procurando alguém para brincar. Na praia, ouvia-se um silêncio jamais contemplado.
Nem as Gaivotas dançavam ao som do vento, nem crianças faziam seus castelos de areia.
O sol ficou triste vendo de perto a tristeza do mar.
As ondas espumavam-se buscando na areia, algum pé humano para fazer carícias entre os dedos e a sola do pisar.
Vi o mar chorando como se tivesse arrumado com grande dedicação, a sala do seu existir, e lamentasse a ausência das visitas que foram proibidas de comparecer.
O colorido da estação perdeu o brilho, a sonoridade das crianças a correr ficou inaudível, o sorveteiro não veio acenando seu chocalhinho que chama a atenção das pessoas, o vendedor das lindas e tão coloridas cangas e saídas de praia, chapéu, viseira, óculos multicor e tampouco o comerciante da raspadinha, do queijo coalho.
Todos eles simplesmente sumiram deixando o mar no mais triste apego e entrega a uma solidão nunca antes imaginada.
Num momento de profundo pesar, a areia escuta o seu lamento:
"O ser humano, ele é descuidado, suja a praia não cuida para o meu viver harmônico com a natureza, mas ele me faz falta.
Sim, eu não sabia que um dia sentiria a falta do pisar humano por aqui".
Seu Lamento é ouvido até pelo inseparável amigo vento, que não esconde um filete de tristeza tamanha comoção.
O mar que sozinho sente-se abandonado até por quem lhe maltratava, confessa sua dor.
O vento pára, as ondas param, simplesmente para ouvir o choro triste do mar que se recolhe como se quisesse prender o seu choro lá nas profundezas distantes para ninguém notar o seu sofrer.
Carlos Silva.