SER FLOR QUE NÃO AFUNDA

SER FLOR QUE NÃO AFUNDA

Eu queria ser uma flor,
Nascida sobre as águas,
Demonstrando minha cor,
Se esqueço minhas mágoas.

Com raízes sem torpor,
Na descida da escada,
E não ter nenhum bolor,
Só a seiva tão buscada.

Nos degraus da minha dor,
Pois afundo na emboscada,
Que o abismo me guardou,
No fundo daquela aguada.

Então percebo a ilusão,
Que se esconde no espelho,
E o desdém da minha prisão,
Que não serve de conselho.

Pois as tranças de Netuno,
Me sufocam sob a laje,
Me deixando sem um prumo,
Como o carro sem garagem.

E meu carro só afunda,
Sem buzina e sem rotor,
Numa vida moribunda,
Sem nem mesmo o amor.