CLAMOR

Pela fresta da janela entreaberta

E com o olhar a marejar

Vislumbro o morro moreno,

Altaneiro, velando o mar.

A seus pés pedindo clemência

Modesta casinha ao léu,

Não podendo ser o mar

Almeja atingir o céu.

A colina verdejante

Observa a chuva fina

Prateando a casinha humilde

Prestes a desmoronar.

E implora à crescente chuva

Ruflando seus arvoredos:

“Oh, chuva, não sejas rude,

Não a leve consigo, não”.

Também as rochas serenas,

Com lágrimas em seus andares,

Fazem coro com a colina

Para as chuvas deserdarem.

Como a atender os apelos,

Mansamente, permeando o ar,

Cessam as águas pluviais

E orvalhada da aflição,

Diz a colina em alívio

Num suspiro de langor:

“Obrigada, chuva amiga.

A casinha ainda sonha.

Tu não a levaste, não”.

Antenor Rosalino

Antenor Rosalino
Enviado por Antenor Rosalino em 18/05/2020
Reeditado em 18/05/2020
Código do texto: T6950805
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