CLAMOR
Pela fresta da janela entreaberta
E com o olhar a marejar
Vislumbro o morro moreno,
Altaneiro, velando o mar.
A seus pés pedindo clemência
Modesta casinha ao léu,
Não podendo ser o mar
Almeja atingir o céu.
A colina verdejante
Observa a chuva fina
Prateando a casinha humilde
Prestes a desmoronar.
E implora à crescente chuva
Ruflando seus arvoredos:
“Oh, chuva, não sejas rude,
Não a leve consigo, não”.
Também as rochas serenas,
Com lágrimas em seus andares,
Fazem coro com a colina
Para as chuvas deserdarem.
Como a atender os apelos,
Mansamente, permeando o ar,
Cessam as águas pluviais
E orvalhada da aflição,
Diz a colina em alívio
Num suspiro de langor:
“Obrigada, chuva amiga.
A casinha ainda sonha.
Tu não a levaste, não”.
Antenor Rosalino