AFUGENTANDO A SOLIDÃO
Na quietude da tarde ensolarada
Suspira o amor insone
Mergulhado em penumbras tristes
Em meio à primavera que floresce.
De repente, no entanto,
Uma momentânea suspensão
Do fluir do tempo
Permite um distanciamento das aflições
Como uma recusa às perturbações
Que a existência nos oferta.
Vem-me à mente nesse instante
Como um milagre de Deus,
A consciência das saudades boas
Alargando horizontes para valorizar a vida.
Vejo agora ao meu redor
O chegar festivo de um colibri
Avivando as cores primaveris...
Prenuncia-se assim o arrebol escarlate
Afugentando os vazios de sombra
Do meu olhar carmesim.