Tarde tardia
Na tarde duma tarde
Vejo o ponteiro se derreter
Após esta tarde, sem alarde
Chegou a hora do entender.
Os tiques e taques perambulam,
Percebo-os vagando, indo embora
Na mais tardia das horas
Arrependimentos perduram
O tic-tac deste meu arrepender.
Será que esqueci algo lá fora?
Devaneei deveras, dentre fiascos ?
Houveste eu, deixado me consumar
E as horas ceifadas tornaram-se dor.
Mas,
Se as rochas, ainda que agora
Prendem-se aos penhascos
Se flores que ainda irão desabrochar
Sopram vida e esperanças para o amor.
Posso então recolher-me em tempo.
Me crio gênito! Criogenia... Resguardo-me
Salvo o que sobra do derretimento
do vindouro tique e o taque que o consome.
Escrito em 11/12/2004