A conquista do perdedor
Se te fala e sussurra
Em voz lenta, este medo
De tentar, do mundo
Dos outros e de si.
Escuta, e empurra
Bem forte este azedo
Ao forçar bem fundo
Tais dúvidas vis
Amargura-te e urra
Aponta o dedo
Julgando-se surdo
Mesmo à ouvir
O anseio em fervura
Calibrado rochedo
Que cresce mudo
Desperta-se aí
A noite é escura
e o Sol chega cedo
um homem de estudo
Nada és para ti
Tu vês a ternura
em campos de vinhedo
É o brilho de tudo
De novo a surgir
Uma mente se cura
Quando está crescendo
Envolta em tudo
Que enfeita o agir
Demonstrando estrutura
vai enriquecendo
Um pobre sortudo
Ganhando o porvir
A forma que fura
Antigos segredos
Revelando bravura
Vencendo sem competir
Sem candidatura
Elegido a dedo
Escolhido à altura
Por saber sorrir
O destino figura
O homem com medo
Nas sombras da surra
Gritando "Eu venci".