Isso que não sei dizer...

Voando sobre os mares o meu pensamento vai

Além dos limites da terra e do céu

É uma satisfação afastar-se assim

E ficar bem distante

Do aqui e do agora

E imaginar se causa alguma tristeza a minha falta...

Ao lado da companheira solidão,

Vão meus vazios

Que também me acompanham nessas viagens

De levezas Irreais

Irreais

Como a vida que todos levam

Sem consciência de suas limitações

Sonhando com dias melhores

Mas presos

Nos labirintos do inconscientes

Do ser

e

Do querer

Perdidos

Entre a agonia de querer partir

E o dever de ficar,

Prisioneiros do tempo

Somos nós,

E a única liberdade

É essa que vislumbro além, muito além

De onde minha mente pode me levar...

É possível amar tudo

Amar o ar que se respira

E a pedra sobre a qual se corta,

E o sangue que vaza

Do meu coração

Que forma esse rio tenebroso

Sobre o qual navega um ser

Poderia dizer, a minha alma,

Mas nada se pode afirmar,

No entanto com esse ser converso

Sobre como as coisas poderiam ter sido

Sobre com tudo se transformou...

E vejo que no pequeno barco há a sombra de um menino

Um menino antigo como um ancião

Que em silêncio

Parece pesar, pesar mais que todo o peso do mundo,

E desconfio que nele estão guardadas todas as minhas coisas

Cada desejo que tive

Puro ou não,

Cada amor que não tive

Cada choro que senti vontade de chorar,

Cada dor que consegui abafar,

Tudo está nele,

E apenas seus olhos são reluzentes,

Como se fossem janelas de um mundo iluminado...

Grande Espelho que revela tudo,

Não há segredos que resistam àqueles olhos...

Sei que o silêncio foi profundo,

Parou-se o tempo

E descobri-me ainda ali

Agoniado de contemplá-lo

De modo que

Parti

E deixei tudo

E fui para outros mundos

Outros sistemas solares

Outras galáxias desabitadas

E sentei-me sobre uma estrela,

E espero...

Ali Durmo pensando

Que quando acordar

As coisas vão estar melhores

E minhas viagens

Não serão mais tão freqüentes

Porque essa é minha esperança

Encontrar-te o quanto antes

E te entregar para sempre esse meu coração

Que não aprendeu outra coisa nessa

Vida além do sonho

E sobreviveu a cada momento

Graças a uma coisa chamada ilusão...

É uma fantasia pensar em ti

Mas é o que acalma o meu mar

E o que me permite

À noite

Fechar os olhos

E dormir

E sonhar

E dentro sonho sonhar novamente,

Num infinito,

Como se a existência fosse isso,

Isso que não sei dizer...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 11/09/2007
Reeditado em 11/09/2007
Código do texto: T648247
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