Renascimento verde

‘Sempre haverá o botão

De uma rosa se abrindo’

Assim ouvi, adentrando

No jardim em ruína.

De quem era aquela voz?

Por que a mim se dirigia?

E onde estavam os botões?

Pois, olhando, eu nada via.

‘Sempre haverá o botão

De uma rosa se abrindo’

Assim repetiu aquela voz

Que, das ruínas, soou atroz.

‘Não sucumbe a semente profunda’

Soou, novamente, a mesma voz

Mas, nada entendendo, ela pareceu

Ter vinda de algum algoz.

‘Não sucumbe a semente profunda’

Insistiu a misteriosa voz

Porém, não mais feroz

Mas, de uma calma oriunda.

E, assim, num instante

Dali não muito distante

Um inebriante perfume

Do cinza brotou o verdume.

E na manhã daquele dia

Quando, sonhar não se podia

Um botão de rosa se abriu

Pois uma semente profunda

Da verde esperança surgiu!