O SORRISO I

Pasma, me descobri assaz rendida

e tão irremediavelmente presa,

ao instante cuja chama acesa

era a luz por toda dor banida.

O poder de expurgar desalento,

é desse teu nascente sorriso,

que contraiu ali prévio aviso,

de ser cura calando o lamento.

Se o tempo quis te devolver asas

da meninice cedo abatida,

recupera a inocência perdida,

limando os erros de escolhas rasas.

Louva a chance de agir diferente,

domando o mundo com a coragem,

que os fortes trazem qual tatuagem,

cravada em cruz no peito valente.

Teu sorriso, meu filho, resgatou

minha já terminal esperança,

presa a dura pena sem fiança,

onde até choro o tempo matou.

Anseio por mais um só sorriso!

Mil e uma encarnações ofereço!

Meu ventre ao parir o recomeço

te dará lugar num paraíso.