Até o último vento
No meu andar
o passo vence o medo,
o vazio prescrito.
O grito
é anúncio de mundo
de anos que cabem num segundo.
Sonhos, um monte,
entram pela porta do horizonte.
As incertezas se escondem atrás das rugas,
até o último vento.
O tempo
segue no livro preciso
que dita um destino impreciso
de ilusões precárias,
como laços de papel.
Fico à espera
da melhor quimera.
O vento arrasta o sol
pelas manhãs mergulhadas em falso remanso.
O sol me enfeita de brilho.
A noite lúbrica,
enfeita o momento,
molha a boca e o tempo.
Pelo translúcido vidro do meu destino
vejo através dos anos,
a dança da fruição
o coração rasga o peito
e o efeito,
exala cheiro de essência derramada.
O amor não deve ser
só temporada.
Deve ser pele, pelo
e o prazer de vivê-lo
sempre
na concentração entre Deus e nós.
O céu nos fita.
No meio de tantas coisas
a palavra dita ultrapassa a voz
e fala com a alma.
Falar e cantar
ir em frente
não voltar.
Fazer versos,
explodir a linguagem
do que escrevo.
Na nossa ceia
nada cambaleia.
O beijo enrodilha nossa boca
e nesse orgasmo de lábios
cresce a enxurrada do prazer.
Nosso ser, vira ter.
Conseguintemente
o amor
nunca se fez tão presente.
Escrevo para ser eterno,
mas nada é eterno.
Nem o inverno
no corre-corre do tempo
nem o que invento
no corre-corre
que a mão percorre
e o corpo treme.
Envolvo asas para voar
e não ficar parado,
ao lado
do tempo que
corre-corre
e não morre.
Afinal
ou ao final
como serei eu na minha manhã
amanhã?
Sei lá.