Os pés inventam os caminhos
Às vezes a essência se oculta atrás da aparência,
mas o amor floresce na minha precariedade
e a emoção se aninha na felicidade.
Uma evolução imagética e um caminho sem peias me dão impulso.
O dia muda o silêncio que esconde
onde
desdobra-se a mudez da noite.
É quando foge a inspiração do tempo que não canta.
Os pés inventam os caminhos, a encantação.
A mão amassa a incerteza,
segura a paixão,
e a aurora promove a beleza.
Fica-me a esperança das estrelas que virão.
Os dias acendem o azul que cintila a prosa.
Um vento bom impele a rosa ao tempo mágico que me habita,
e o não
emborca o sofrimento sobre o chão.
Evola-se do meu olho o esplendor do teu,
e o ver
afasta o tédio de ser.
Cada minuto reluz amanhãs.
Estou coberto de mel e faros,
longe dos passos do nada.
Cada amor tem sua história e suas nódoas.
Meus calcanhares argutos sabem aonde ir.
O porvir
deixa os meus pés alcançando os passos.
Os braços
abraçam o teu ficar, o teu nome.
Este é o meu tempo, a minha fome.
Só a tua permanência se banha na beleza das águas.
Mergulho na tua luz.
Os clarões por cima do meu telhado.
Pássaros de promessas no início da tarde.
À noite
enterro o rosto no teu regaço
e esqueço o envelhecimento dos joelhos.
Dentro de mim
os ramos crescem
com a rapidez das rosas.