Quem sou eu?
Quem sou eu?
Não sei mais.
Como estou eu?
Estou assim:
de dia, penso nas minhas noites.
De noite, fico deitado fitando o teto
e dentro de mim fica o nada,
do tudo que eu quero.
Minha angústia não me deixa livre
nem para eu aceitar a minha solidão.
Já tive o conforto de um abraço,
o calor de um corpo junto ao meu,
e a bem-aventurada invasão da minha alma.
Depois, ficou-me o silêncio
e o segredo da dor de perder.
Nem a luz me dá a sua sombra.
Meu amor é o mesmo,
a esperança é a mesma,
eu é que já não sou o mesmo.
Meu coração se afoga no rio
que fica às minhas margens
e o meu silêncio
é melhor que as palavras.
Durante horas,
olho para dentro de mim
e não me encontro.
Depois, volto ao mundo real
e reflito:
só serei nada
se me sentir menos.
- Um dia, me virá um sol
para iluminar a minha noite.