Vinte e seis de julho

Hoje, o peito clama

o universo das entranhas.

Estrelas salpicam o meu oceano.

Cavalgo os meus sonhos

com olhos coloridos

e enlaçados de amor.

Uma brisa sem pressa

areja os anos,

enquanto a vida

desanda a jorrar manhãs.

Assim, sigo os meus dias

que se tornam anos

somando o tempo

que as águas seguem banhando,

abençoando

o que a boca, em qualquer tempo, agradece.

O meu mergulho de memória,

a minha glória,

é continuar seguindo.

Hoje, tudo gira em torno do gesto.

Empresto

o perfume das rosas

para aromar a constância.

Que meu corpo e alma,

sejam o símbolo do que sou.

O coração debaixo da pele,

dentro da carne.

O relâmpago de músculos e sentimentos,

a pátria dos compromissos

e, bem perto, um destino quase certo.

Assim, dessa maneira,

empino a minha bandeira

no peito aberto.

Quero ser o meu reflexo,

o nexo, o amplexo,

que abrace um corpo nu,

o instante de hoje,

a minha raiz exposta.

Hoje, sou as duas metades do que sou.

O amor está integralmente onde estou.

Corro atrás do espelho que reflete

os momentos infindáveis.

Minha verdade pode ser vivida e dividida

com a poesia que se nutre no ventre da alma.

26 de julho de 1934,

Deus sussurrou no meu ouvido:

“Bem vindo à vida,

esvoaça à poesia”.

Hoje, nos meus 78 anos,

ancorado de um sol sorridor,

ainda busco o desejo de estar sendo.