Transformação Borboleta
Debato-me neste casulo escuro.
Tento rompê-lo à força,
Mas a única que me resta é a da amargura,
E esta não é capaz.
Sinto sombras me devorando.
Escuridão me abominando.
Não sei se choro ou arranco os olhos
para não ver o que há ao meu redor.
Coração bate em ritmo sangrento.
Pensamento se corroe violento.
Tudo junto numa valsa rumo à morte.
E nem posso mais contar com minha sorte.
Ressentimentos aos poucos me devorando,
E me deixando todo oco por dentro.
Sinto o corpo fervendo.
Minha pele queimando e ardendo.
Lágrimas em sangue se dissolvendo.
O ódio e a angústia se aproveitam
e instalam-se em meu peito,
Combatendo qualquer luz que me faça voar.
Espero me libertar logo deste casulo.
Ganhar asas como as de uma borboleta.
Para assim sobrevoar jardins pacíficos,
E procurar nas flores,
O que não achei em olhos humanos.