Rios de lágrimas sobre o vazio - Nem tanto à Terra nem tanto ao mar
Sem nenhum partido,
sem estar perdido,
vou seguindo...
Em partes dividido.
Cada qual procurando formas de arte.
Atrás das cortinas, mentiras anseiam por iluminar-me.
A vitrine do anseio não reluz o sol,
nem transforma o belo em feio.
Cidades vazias? meias verdades?
Não as quero.
Labirintos doentios?
Rios de lágrimas sobre o vazio?
Não careço.
Nem tanto à terra
nem tanto ao mar.
Nem tanto à morte
nem tanto à vida.
Fecho os cortes.
O alvo da paixão
procura as flechas da certeza.
Preciso: liberdade vadia.
Quero: lua cheia.
Pra falar-te sobre mim, resta a poesia.
Sobre os pelos da esperança
nasce a face de um poeta.
Sigo sem medo.
Segredos possuem dedos
sem anéis como cadeados.
Ainda anseio por uma queda no trilho -
o trem da morte se atrasa.
Atraio, então, minha sorte -
eu e o meu norte.
Sem estar perdido, quero seguir.
Não nasci estranho no ninho.
Vidraças de janelas
não nasceram martelos.
Mapas coloridos nascem em palmas de mãos
sedentas por novas estações.
Navego infinito
no grito de saudação à vida.
As peças de um quebra-cabeça
se juntam -
o eu-dividido se refaz.
Abro os olhos.
Sigo em paz.