"Enganos e desenganos"

O sol ainda está escondido

A neblina forte como um véu

cobre a vegetação, esconde o céu

Aparece um personagem ressentido

Com o destino que Deus lhe deu.

Um pobre menino segue dormindo na rua

protegido da escuridão pela luz da lua

Tendo na mente a dor da vida

Por ser órfão de pai

E a mãe entregue a bebida.

Achou como única saída

Se lançar a sorte e incerteza

Não vai longe, fica pelas redondezas

Mas é tratado como um problema

Por uma sociedade cheia de falsa pureza.

No seu dia a dia longo e sofrido

Geralmente é visto como delinquente

Nunca roubou , mas é tratado como bandido

Ou mesmo qualificado como usuário de entorpecente

Só porque anda sujo e perambula diariamente.

Enquanto isso o rapaz bem vestido

Aborda uma senhora de idade

Leva sua bolsa e furta o cartão do banco

Se intitulando ser a nata da sociedade

Mais um "Colarinho Branco"

Um zero a esquerda, rei da marginalidade.

Sem limites, quadrilhas bem preparadas

Tiram o alimento da boca da população

E ainda aparecem como pessoas civilizadas

Fazendo campanha na televisão

Prometendo o mundo e fundo

podendo ser mais um aliado da corrupção.

Na saúde dói na alma

Quando se precisa de um exame

E espera sem limite

O SUS parece um enxame

Muita gente doente

Sem um atendimento decente.

Dá medo sair nas ruas

E não conseguir voltar

A segurança é precária

Cada dia piora mais

É bandido matando cruelmente

A toa, ou, por uns míseros reais.

O tempo passou, o menino cresceu,

Se tornou homem honrado

Porque alguém nele acreditou

Deu lhe moradia e estudo

Em um advogado se formou

Defende com honra os carentes

Lembrando de tudo que passou

E aquele de colarinho branco

A imprensa delatou

Que seja então punido

Pois isso ele mesmo procurou.

Será que nós não passamos por esse menino...

E pelo nosso jeito critico o desprezamos...

E quando encontramos alguém de terno e gravata

De doutor, rapidamente chamamos

Quanta impressão meu Deus !

Quanta discriminação gerando danos

Perdoe Senhor, nossos enganos.

Queremos um Brasil justo

sem tanta corrupção

Pois este País belo e robusto

cheio de riquezas e bons cidadãos

O que falta é vergonha na cara

Lugar de bandido é na prisão

Autor Jose Carlos Aparecido Magri, 04/08/2015.