Para que? Daria Gláucia.
Para que desejar os sonhos que morreram e aquele antigo amor que nunca há de voltar? Para que desejar as ilusões que foram silenciosamente...
Para que desejar?
Para que lamentar, amigo, a primavera de risos e de sons? Para que lamentar os rigores do inverno e as nevadas da vida...
Para que lamentar?
Para que chorar os amigos que partem para longe de nós e a dor de separar? Para que chorar se os amigos não vêm a nossa solidão...
Para que chorar?
Para que plantear os entes que morreram e as vozes, doces vozes que nunca hão de tornar, á magia do riso, á magia do canto, este silêncio eterno...
Para que plantear?
Para um sonho que murcha, mil sonhos reverdecem, e das cinzas de um amor, outro há de reflorir. A primavera volta e o Sol, a claridade, seja um dia outro dia hão sempre de brilhar. A invernia se vai, e os rigores do inverno, a presença do Sol não podem perturbar.
Há amigos que partem e há amigos que ficam, cheios de amores profundos e de consolações. Vivem perto de nós, mister descubramos para encher-se de sons a nossa solidão.
E para que plantear os entes que morreram se em nossos corações eles podem morar, se a saudade bem quer repetir suas vozes e eles podem morar dentro do nosso olhar?
E paira acima de tudo esta grande certeza: O meu Pai tudo ve. O meu Pai sabe amar.
Se Deus cuida de nós; o seu Amor é eterno; e a nossa vida é breve, mas...
Para que chorar?