Velório da Esperança
Fui hoje ao teu funeral.
Queria despedi-me de ti,
Antiga e verde companheira.
Por seres sempre a última a perecer,
Eu acreditava que eras eterna.
Mas do primeiro ao último,
Todo mundo um dia se vai.
E assim tu foste embora,
Nua, pálida e branca como a neve.
Saíste abraçada e ao colo carregada,
Por aquela que de todos é a indesejada.
Foi desse jeito te deixei boquiaberta lá no caixão,
Quando os meus olhos incrédulos se voltaram para o chão
E virilmente de costas sem derramar uma lágrima,
Ou sequer dizer uma palavra,
Esperançoso do campo santo eu saí.
Por ser demasiadamente sonhador,
Recuso-me a dizer-te até breve.