Velório da Esperança

Fui hoje ao teu funeral.

Queria despedi-me de ti,

Antiga e verde companheira.

Por seres sempre a última a perecer,

Eu acreditava que eras eterna.

Mas do primeiro ao último,

Todo mundo um dia se vai.

E assim tu foste embora,

Nua, pálida e branca como a neve.

Saíste abraçada e ao colo carregada,

Por aquela que de todos é a indesejada.

Foi desse jeito te deixei boquiaberta lá no caixão,

Quando os meus olhos incrédulos se voltaram para o chão

E virilmente de costas sem derramar uma lágrima,

Ou sequer dizer uma palavra,

Esperançoso do campo santo eu saí.

Por ser demasiadamente sonhador,

Recuso-me a dizer-te até breve.

Frei Michel da Cruz
Enviado por Frei Michel da Cruz em 27/03/2014
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