UTOPIA
Sou assim: um ser comum
Entre tantos iguais.
As minhas mãos lívidas
Trazem marcas delineadas
Da minha poesia rebuscada de versos,
Advindos de uma sensibilidade que machuca
Ao ver predominar injustas desigualdades
E dissipar-se, a cada dia e sempre mais,
A solidariedade e o respeito humano
Alicerces imaculados da nação dos sonhos meus.
Sou um ser comum, mas, oh! Meu Deus,
Inquieta-me o desejo ardente
De ser alguém diferente
E deixar para a posteridade
Não apenas os meus erros e acertos,
Mas somente, tão somente,
Minhas pegadas de ternura
Em construtos altruísticos,
Onde a poesia pudesse emanar-se decantada,
Num eldorado de sonhos e doces quimeras
Sob a luz de estrelas rútilas
Entre os florais em seus cântaros
No limiar de nova era.