LÍRIOS QUEBRADOS
"A vida está calada nas esquinas"
ÁRIAM RIOS
Todos os campos se calaram
em uma maestria de águas e ilhas,
a chuva na eira do dia dança
na certeza dos movimentos das águas... e nada mais há de som:
covas abertas em luz curada, o tempo calado em fúrias dormentes,
o silêncio é uma aliança entre
o que se vive e o que vive pensando viver...
feito uma manhã que se olha a si e não se vê,
porque está clara de muita luz que se cegara:
assim é essa realidade dentro dos dias,
lago ressequido a dormir o sono das embaúbas.
Canta o mar, a canção dos luares,
canta em tons de silêncios supremos,
já que a terra dorme dentro de cada um
e acordá-la confere ao homem a postura de ente,
mas tudo é sono completo no silêncio de se silenciar
e as marés passam calmas em nossos olhos
sem deixar maresias... Voltemos, pois, a ser do mar
o silêncio em dilúvios de calmaria:
o tempo nunca passou, só o silêncio governa
dentro da vida aberta para os sons surdos...