LÍRIOS QUEBRADOS

"A vida está calada nas esquinas"

ÁRIAM RIOS

Todos os campos se calaram

em uma maestria de águas e ilhas,

a chuva na eira do dia dança

na certeza dos movimentos das águas... e nada mais há de som:

covas abertas em luz curada, o tempo calado em fúrias dormentes,

o silêncio é uma aliança entre

o que se vive e o que vive pensando viver...

feito uma manhã que se olha a si e não se vê,

porque está clara de muita luz que se cegara:

assim é essa realidade dentro dos dias,

lago ressequido a dormir o sono das embaúbas.

Canta o mar, a canção dos luares,

canta em tons de silêncios supremos,

já que a terra dorme dentro de cada um

e acordá-la confere ao homem a postura de ente,

mas tudo é sono completo no silêncio de se silenciar

e as marés passam calmas em nossos olhos

sem deixar maresias... Voltemos, pois, a ser do mar

o silêncio em dilúvios de calmaria:

o tempo nunca passou, só o silêncio governa

dentro da vida aberta para os sons surdos...

MIRANIL MORAES TAVARES
Enviado por MIRANIL MORAES TAVARES em 20/08/2012
Reeditado em 03/06/2014
Código do texto: T3840662
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