À LUZ DA RAZÃO TE PERDI
À luz da Razão, faz muito, que te perdi,
e não querendo aceitar, tal desenlace,
de poesia me cerco, em versos só para ti,
assim me iludo e mantenho o enlace,
só a nós previsto. Isto ainda alcanço,
pois só eu dito as regras palpáveis,
com que em frente ao espelho lanço,
meu fado triste, sonhos inolvidáveis.
À Sorte o desfecho é único, e o seu fim,
ainda que eu espere uma revolução.
E apaixonada, crente, voltes para mim,
sossegando este meu pobre coração.
Mas a lonjura é asa no céu, que não voa;
manifestamente é pouco, para quem ama;
tarde ou cedo, num ou noutro, destoa;
e dissipa, desnorteada, deitada na cama.
Falarmos, convivermos, é coisa bem rara,
resta um prelúdio de alguma coisa aqui,
como que uma ferida, que dentro sara
e por fora, aligeirada, vem de mim e de ti,
a voz, há muito calada, por más sincronias,
opostas ao que sempre nós almejamos.
Talvez ainda venham de lá, os ansiados dias,
em que íamos de mãos dadas, enamorados.
Se à sombra da Razão, te perdi, pela emoção,
sei que inda me queres, o impasse é meu,
por não saber lidar com sentimentos, coação,
que me tem roubado, tudo o que é teu.
Jorge Humberto
02/03/11