Vamos
Vamos minha gente,
Povo sofrido,
Multidão de indigentes,
Sufocando o grito.
Vamos que o mundo é grande,
Caminhando de pés descalços,
Vivos, depois mortos num instante,
Vida feita de percalços.
Vamos olhares tristes,
Mãos calejadas,
Corpo sem diretrizes,
Forç depauperada.
Vamos povo guerreiro,
Suro escorrendo no rosto,
Com orgulho, brasileiros,
Raízes de um redentor povo.
Vamos populares,
Massa unida proletária,
Vaidosamente vulgares,
Chamados por cretinos de gentália.
Vamos com sua fé,
Tradição viva,
Esperança de quem sabe o que quer,
Cultura fortalecida.
Vamos adiante,
Feito corredeira violenta,
Num ímpeto rompante,
Desbravando políticas nojentas.
Vamos todos juntos,
Unidos pela democracia humanística,
Mesmo deitando defuntos,
Desestabilizando a vã casuística.
Vamos batendo forte no peito,
Coração feito batida de bumbo,
Inundado toda a geografia de gueto,
Rufando vontades não mais em luto.
Vamos, mesmo levando porrada,
Aguentando no lombo,
Mesmo com cuspida na cara,
Com o olhar erguido em confronto.
Vamnos, irmãos de miséria,
Aglutinados pelo infortúnio,
Ultrapassando burguesas pilhérias,
Sacudindo a lógica do absurdo.
Vamos sempre avante,
Marchando conforme a espécie,
Mesmo que o ideal esteja distante,
Nossa condição será levada a sério, jamais arrefece.
Vamos com uma única morada,
Sabendo que o solo é o de menos,
Agregados por emoção exalada,
Unidade regimentada por valorosos sentimentos.
Vamos virtuosos,
Seu corpo é seu leito,
Hernaça de vitoriosos,
Legado que os próximos atribuírão respeito.
Vamos amigos,
Até que tenhamos maturidade,
Não haja mais inimigos,
Possamos desfrutar da felicidade.
Vamos até o último suspiro,
Não existe condição mais sublime,
Do que viver um ‘pra si’, que se ali a um ‘estar contigo’,
Pois a vitória completa é quando ninguém mais se oprime.