Do Canto dos Olhos
Os meus olhos e os teus
Se encontraram, conversaram,
Se completaram, se entenderam...
Mas surpreendentemente,
Não vivemos o que havia pra viver.
Não soubemos da vida,
Nem procuramos saber
Que então nossos olhos,
Um e outro, desesperadamente
Tentavam fazer-se entender.
Se a realidade nos impõe
Tantos limites, tantos padrões
Se a realidade assim supõe
Que tenhamos que ser ladrões,
Dos sentimentos de alguém,
Que temos que ter em vista
Uma situação mais além
Ou se nos ordena, “desista”!
Que irão os olhos fazer?
Eles que, ligados ao coração
Já sabem tudo que há pra saber
E entenderam a equação
E o que resta a nossos olhos,
Molhados, enamorados, se despedindo
E nos seus cantos como que pedindo
Perdão, e ao mesmo tempo socorro,
Vão duas lágrimas caindo?
No canto dos olhos, dos meus e dos teus
Nascem gotas de puro sentimento
Escorrem em quente e demorado adeus
Esperando tua volta, a cada momento.