Filho da lua

“Filho da Lua”

José Carlos Aparecido Magri

Seu moço, por favor,

Me dá um trocado

Pode ser qualquer valor

Ele vai ser muito bem utilizado

Vou comprar comida sem demora

Meu irmão de fome chora

Já está muito debilitado.

Pode me chamar de vagabundo

Pois já estou até acostumado

Sou uma vítima do mundo

Nas ruas fui cruelmente largado

Só porque saí do meu estado um dia

Tentando melhorar de vida aqui então cheguei

Sem lugar para morar e sem dinheiro

A muitos outros moradores de rua me juntei.

Durmo nas ruas por infelicidade

Meu cobertor é um simples papelão

Não tenho ventilador na verdade

O vento me refresca do duro calorão

Colchão nem ouço falar, que desigualdade

Durmo direto na dureza do chão

Meu teto carinhosamente a me abrigar

É a gentileza de um pontilhão.

Por me ver na rua autoridade soberana

Pode me chamar de traficante ou drogado

Mas preste atenção gente bacana

Não trafico e muito menos sou viciado

E, prefiro pedir antes de roubar qualquer coisa ou grana.

Sou menor nobre senhor

Quantos me querem na Febem*

Só porque possuem muito valor

Enquanto que esse aqui quase nada tem

Mas me dê uma chance, por favor,

Vou mostrar o que sei fazer bem.

Hoje esta na sua casa sossegado

Tem conforto e uma família amada

Critica a todos que estão nas ruas

Pobre classe tão discriminada

Mas nem todos são marginais

Infelizmente não tiveram jamais

Uma chance de ser valorizada.

*Febem: hoje é a Fundação Casa

escritor caboclo
Enviado por escritor caboclo em 16/05/2010
Código do texto: T2260572
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