Filho da lua
“Filho da Lua”
José Carlos Aparecido Magri
Seu moço, por favor,
Me dá um trocado
Pode ser qualquer valor
Ele vai ser muito bem utilizado
Vou comprar comida sem demora
Meu irmão de fome chora
Já está muito debilitado.
Pode me chamar de vagabundo
Pois já estou até acostumado
Sou uma vítima do mundo
Nas ruas fui cruelmente largado
Só porque saí do meu estado um dia
Tentando melhorar de vida aqui então cheguei
Sem lugar para morar e sem dinheiro
A muitos outros moradores de rua me juntei.
Durmo nas ruas por infelicidade
Meu cobertor é um simples papelão
Não tenho ventilador na verdade
O vento me refresca do duro calorão
Colchão nem ouço falar, que desigualdade
Durmo direto na dureza do chão
Meu teto carinhosamente a me abrigar
É a gentileza de um pontilhão.
Por me ver na rua autoridade soberana
Pode me chamar de traficante ou drogado
Mas preste atenção gente bacana
Não trafico e muito menos sou viciado
E, prefiro pedir antes de roubar qualquer coisa ou grana.
Sou menor nobre senhor
Quantos me querem na Febem*
Só porque possuem muito valor
Enquanto que esse aqui quase nada tem
Mas me dê uma chance, por favor,
Vou mostrar o que sei fazer bem.
Hoje esta na sua casa sossegado
Tem conforto e uma família amada
Critica a todos que estão nas ruas
Pobre classe tão discriminada
Mas nem todos são marginais
Infelizmente não tiveram jamais
Uma chance de ser valorizada.
*Febem: hoje é a Fundação Casa