Voltar
Voltar
Voltar, olhar, sentir.
O mesmo céu, o mesmo mar,
O mesmo sol a brilhar.
O que mudou?
Nada mudou, um ou outro sonho
se realizou.
A velocidade em sintonia com a pressa
de cada dia. Tudo acontece rapidamente,
de tal modo que já mal se sente.
Dia sem calmaria, horas a correr, não há
tempo a perder. Foi-se embora o tempo
de ter tempo para jogar a hora fora.
Conversas entusiasmadas a café regadas.
Foi-se o tempo de haver tempo para passar.
Não há tempo nem sequer para o céu olhar.
Nervos retesados, rostos estressados, testas
enrugadas, olhos tristes a dizer: ninguém me
pode valer.
É assim a vida agora.
Que uma nova irmandade chegue para sacudir
esta verdade que nos anda a iludir.
Lita Moniz