A PEQUENA ESPERANÇA
desde bem pequena,
era diferente,
inusitadamente amena,
estranho comportamento...
um pingo de gente,
a todo momento
conversava,
sabe-se lá com quem.
um dialógo recheado de sorrisos,
com a florzinha imberbe,
as pedras brancas do rio,
as borboletas azuis...
uma hora era vista
acenando para aviões,
atõnitos.
acenando para califas,
em seus tapetes alados.
afônicos,
cantando um canto
harmonioso,
sinfônico.
era sempre assim ...
seus pais preocupados,
a levaram a um sábio doutor
de barba espessa,
feita as pressas.
que a examinou,
minuciosamente,
até o diagnóstico conclusivo:
com voz pausada,
chamou o pai da criança,
(que, preocupado, padecia),
disse-lhe, com voz de tenor:
-é caso sem esperança,
a menina sofre de doença rara:
do bem de poesia !...
[gustavo drummond]