Coincidências
“Deus não joga dados com o Universo”
Albert Einstein
Dedicado à Mariana
I – A viagem(1)
Quando tu fizeste, coincidentemente,
A mesma viagem em que o destino irônico
Encarregou-se de fazer o trágico em cômico,
Tu não a imaginavas tão surpreendente.
Quem melhor sabe é aquele que sente,
Aquele que pode notar o seu estado crônico
E padecer do seu mal não menos lacônico.
Este sim, é digno de saber, pois não mente.
Mas, apesar de sofrida tanta agrura,
Tu sabes que também toda a aventura
Teve sim, bons momentos engraçados.
Não te lembras daquele momento mágico?
Mesmo com o chão coberto de suco gástrico
Vendia-se iogurte aos pobres desgraçados.
II – A queda(2)
Logo que chegaste da dita viagem,
Antes mesmo de me cumprimentar,
Veio ao meu encontro a gargalhar,
Linda e feliz – eras como uma miragem!
Eu parecia estar sob efeito de beberagem.
Tu disseste que só de mim podias lembrar
Enquanto, na estrada, estavas a viajar.
Naquela história éramos a mesma personagem.
Conversamos depois sobre poesia.
As minhas influências para ti eu dizia:
Simbolismo, Concretismo e Parnaso.
Mas logo que comentei sobre o Poetinha,
Caiu ao chão a Antologia deste que eu tinha!
Teria sido um bom sinal, sorte ou acaso?
III – O filme
Naquela noite fomos ao cinema.
Quando todos ainda decidiam,
Qual o filme que então assistiriam,
Fizemos uma escolha sem dilema.
Fomos assistir a um filme de bom tema:
Nele, amor e comédia se confundiam
Enquanto sobre o protagonista incidiam
Situações antagônicas: alegria e problema.
Quando o filme chegou ao seu final
O protagonista profetizou de forma genial:
Quem visse o filme viveria uma história de amor
Então torci para que isso fosse verdade
E naquela interação entre arte e realidade
Eu não queria ter sido apenas um espectador.
***
(1) Menção ao texto "Argonautas", de minha autoria
(2) Menção ao filme "Lisbela e o Prisioneiro"