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Os "humildes escritos" de Kalil José expressam bem sua sensibilidade e talvez um pouco da maneira como ele vê a vida. Na busca de um significado para a existência, ele reflete sobre as agruras e alegrias que se intercalam no decorrer da vida. E que podem torná-la simples e fácil em dados momentos em, em outros, complexa e com extremas vicissitudes.

É nesse paradoxo de idéias que se encontram os poemas de Kalil. Em alguns, nos quais percebe-se a influência "declarada" de Vinícius de Moraes, há uma exaltação à mulher. Não uma mulher qualquer, são várias, e em momentos distintos. Mulheres que fizeram o autor se deleitar sobre a poesia para expressar seus sentimentos. Por isso, às vezes, um tanto sensuais. Entre estes: Para uma colega, Contemplação, Oásis. Mulheres inatingíveis: Ela. Em outros nota-se algumas decepções, desprezo e indiferença pelas "mulheres interesseiras": A Miragem, O Leque da Meretriz, Transitoriedade.

Já num outro estilo encontra-se A Encruzilhada, A Encruzilhada II (ou Os Perigos da Vida) e Oração. Neles, Kalil mostra um lado diferente, voltado para a espiritualização, a busca pela fé, por uma força que o tirasse da solidão em que estava imerso. São poemas belíssimos, intensos e melancólicos, inspirados na Bíblia, notadamente o Evangelho de Mateus, e na obra de Baudelaire, Rimbaud e William Blake. Uma reflexão sobre o sentido da vida.

Mas a obra de Kalil não é só melancolia, solidão. Isso pode ser comprovado com a crônica Argonautas, na qual o autor mostra seu humor e uma fina ironia, numa situação muito comum. Todos já viveram algo parecido, no entanto poucos conseguiram transpô-la para o papel de forma tão interessante e engraçada.

Kalil teve diversas influências que refletem na sua obra, porém há nela peculiaridades: a sensibilidade, a bela composição dos poemas, a sutileza quando fala de coisas profundas. Ele consegue transmitir seus sentimentos de forma fácil e encantadora.


Ana Virgínia Rodrigues de Freitas 
Licenciada em Letras - UNEB