Fechando Pandora
Não, eu não vou chorar
Pelo que não aconteceu
Não vou me postar
Diante de um altar
Nem me ajoelhar
Por algo que não é meu,
Algo que se perdeu
Em algum lugar
Entre o exagero de uma canção
E o sangrar desnecessário
E ainda assim arbitrário
De um insensato coração.
Observarei as nuvens no céu
Em desenhos mil se tornando
E as gaivotas e garças voando
Como animações no papel
Celebrarei com amigos feliz
Alguns há muito não via
Me lembrarei de ser aprendiz
Farei com que o choro sorria
E voltarei a ver o mar
Em meio às ondas me banhar
Abraçarei o sol e o luar
E à noite, ao passar, a vida brindar.
Conheci muitas casas
Muitas salas e muitos porões
Já voei em muitas asas,
Muitos motivos, e muitas razões
Mas sempre voltei ao meu mundo
Ao meu simples quarto de ser
Sincero e profundo ao amanhecer,
E a cada dia vivido
E a cada lição aprendida
Vi o que podia e o que não ser,
Vi o que era vetado ou proibido
Ou liberado e permitido,
E sabia que o bom senso me dava
A chave de toda a euforia
É abrir a caixa de pandora
E saber que se necessário e sem demora
Pra fechar a caixa bastava,
Saber onde chutar e a tampa abaixava
E tudo a seu tempo e a hora
Voltava pro devido lugar.
O que é de sonho evapora
E o que é de sangue estancar
O que é de pressa, vai embora
E o que é meu vai ficar.