MINHA DOR MINHA ESPERANÇA
A luz de prata, por sobre as águas,
meus olhos húmidos, de tanto sofrer,
nem a instantes aliviam tuas mágoas,
por mais forte, que seja o prevalecer.
E noite e dia, numa luta constante,
em salas esterilizadas, vazias de nada,
depomos a esperança contrastante,
do sofrido gesto, da pessoa amada.
E tudo aqui é posto em questão,
o sacrifício duma vida, que assim se vai,
sem explicações nem sequer razão,
de um corpo que sofre e logo se esvai.
Sou agnóstico, por minha natureza,
anarquista não ortodoxo, me revejo;
mas choro sangue, toda esta incerteza,
de quem todos os dias deixei meu beijo.
E não seria nunca poeta, senão chorasse,
toda esta angústia, que vai no meu peito;
Ah, minha mãezinha, quem te acordasse,
e no colo, sem dores, te rendesse preito!
Jorge Humberto
17/08/08