EIS-ME AQUI

Aonde foi que me perdi

por montes e escolhos

que se me cegaram os olhos

de tudo que não vivi?

Longe estava o que não via

pedras arremessei ao céu

inda não sei o que me deu

tão pouco o que me sofria.

Sei que da infância só restou

algumas fotos esquecidas

num canto qualquer oprimidas

sopradas plo vento que as levou.

De adolescência infecunda

mundos pensei conquistar

seringa no braço a definhar

numa pedra pútrida imunda.

E assim cresci de igual jeito

que a novidade era não perder

o que morto me dava viver

e ao rosto me trazia trejeito.

De me levantar intentei

de redobrado esforço

a dor que suportei no dorso

e pelos joelhos me dobrei.

E os anos indiferentes

em desassombro passaram

e nem sequer num ai notaram

minhas mãos descrentes.

Porém restou em mim força

fulgor que a vida me emprestou

e da miséria meu ser se levantou

corri prados e fontes feito corça.

Hoje sou finalmente livre

amo e sei ser amado

coração nunca abandonado

bate e rebate, porque vive.

Jorge Humberto

14/07/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 15/07/2008
Código do texto: T1080939
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