Noturno Mar

Dizem que não possuo sentimento

Que a todos ao meu redor faço sofrer

Todavia não é esse o meu consentimento

Se esperam o sol, não sou eu que faz chover

As pessoas esperam, esperam muito e de tudo

Inclusive de outras pessoas

Querem que fale, quando fico mudo...

Nunca disse a ninguém

Esperem isso de mim

Que espero isso de você também...

As relações não são de troca

Principalmente em se falando de sentimento

As vezes vive-se tudo num segundo

E este segundo se transforma

Num brilhoso astro do firmamento

Do nosso céu

Onde são mudos todos os juramentos

Não esperem nada de mim

Assim, se alguma coisa lhes puder dar

Saibam que é naturalmente

Sem nunca por isso nada esperar

Por que se digo que gosto

De vossa companhia

Não digo isso para lhes agradar

Digo porque sentir vontade

E a vontade não se faz esperar...

Eu não sofro mais

Com as desconsiderações

Ou altivos peitorais que conheci

Em tempos mais remotos

Tempos que não voltam mais

Se por acaso

Cumprimentando-te ao passar por ti

E, da tua altivez não me enxergar,

Não pense, por favor,

Que lhe terei algum mal,

Tudo já ignora o meu amor,

Eu te digo, olá amigo, que tal?

Mas certamente, compreenda,

Falo de todo coração

E se me julga indigno de teu cumprimento

Isso não vai mudar minha situação,

Não te fiz um favor,

Nem te peço gratidão,

Falei por que fala com tudo o meu amor

E entende ainda mais

Dessa forma

O mundo, os mundos, aquele em que te isolou,

Teu ciclo de amigo

É de sorrisos largos

E golfadas de alegria estérea

Por que quem ignora um ser humano

Um animal

Uma rosa

Uma pedra

Não se percebe no mundo

E é digno de compaixão,

Por isso amigos e amigas

Não me digam

Ignorando-me

Que não tenho sentimento

Que sei fazer melhor nesse mundo é amar

E quem ama

É tudo e todos,

Em qualquer coisa pode se transmudar

Inclusive noutra pessoa

Para entendê-la

Compreender o porque de ela não falar

De ela culpar

Alguém, seja quem for,

Pela causa de uma dor

Que ela mesmo fez

Ao deseja para si

Dizendo que aquilo devia ser seu

Pronominalmente possessivos

Eu não posso carregar

A culpa de vocês

O humilhante e pseudo-sofrimento

De não ter

Aquilo que gostaria de isolar

Enovelar em seus preceitos

E enjaular

Como quem prende o rouxinol

Para sozinho, num canto da casa,

Do seu canto se apossar....

O canto atravessa as paredes

E se vós tivésseis coração

Compreenderias que naquele canto não há alegria

O rouxinol canta

Canta sonhando para a floresta voltar...

Dizem que faço sofrer

A quem de mim se aproxima

E tenta demorar...

Mas é que de tudo nessa vida

O que mais sei,

Mesmo no mais obscuro silencio

É cantar...

E canto em silêncio,

Um canto eterno,

Que poucos sabem escutar,

Mas eu canto,

Talvez gemendo,

Como as vozes indecifráveis de ondas

Calmas violentas de longínquo,

Noturno Mar...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 12/03/2008
Código do texto: T898627
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